MÚSICAS


BATERIA

musicas-1A música é um componente fundamental da capoeira. Ela determina o ritmo e o estilo do jogo que é jogado durante a roda de capoeira. A música é composta de instrumentos e de canções, podendo o ritmo variar de acordo com o toque de capoeira de bem lento a bastante acelerado. Muitas canções são na forma de pequenas estrofes intercaladas por um refrão, enquanto outras vêm na forma de longas narrativas (ladainhas).

Os instrumentos são tocados numa linha chamada bateria. O principal instrumento é o berimbau, que é feito de um bastão de madeira envergado por um cabo de aço em forma de arco e uma cabaça usada como caixa de reverberação. O berimbau varia de afinação, podendo ser o gunga (mais grave), médio e viola (mais agudo). É ele o instrumento que comanda a roda, o jogo e os jogadores. Há Mestres que o consideram como peça sagrada onde o respeito por tal deve ser tanto quanto o Mestre.

Os demais instrumentos são:

- Pandeiro: Circunferência de madeira, plástica ou outros como o couro de bode ou similar;
- Atabaque: Tambor percusivo de couro de boi e corpo de madeira;
- Agogô: Dois cones de metal de tamanhos distintos ligados por haste de metal, onde um cone é agudo outro é grave. Ultimamente te se usado agogôs de castanha do pará ou côco de sapucaia com som mais agradável.
- Reco – Reco: Normalmente confeccionado de bambu com ondulações e tocado por baqueta igual à de berimbau, também pode ser de metal de molas.
- Berimbau: Arco musical mais primitivo que se tem conhecimento. Hasteado com arame de aço acoplado a uma cabaça, e tocado por uma pequena vareta de madeira, denominada baqueta. Pressionado por dobrão de metal ou pedra é acompanhado pelo caxixi, cesto de palha com alça e com sementes dentro.

As canções de capoeira têm assuntos dos mais variados. Algumas canções são sobre histórias de capoeiristas famosos, outras podem falar do cotidiano de uma lavadeira. E sobre o que está acontecendo na roda de capoeira, outras sobre a vida ou um amor perdido, e outras ainda são alegres e falam de coisas tolas, cantadas apenas para se divertir. Os capoeiristas mudam o estilo das canções freqüentemente de acordo com o ritmo do berimbau. Desta maneira, é na verdade a música que comanda a capoeira, e não só no ritmo, mas também no conteúdo. Por exemplo, o Toque Cavalaria era usado para avisar os integrantes da roda que a polícia estava chegando; por sua vez, a letra é constantemente usada para passar mensagens para um dos capoeiristas, na maioria das vezes de maneira velada e sutil.

FUNDAMENTOS

Regional
Toques – São Bento Grande, Banguela, Cavalaria, Iúna, Idalina e Amazonas.
Bateria – Berimbau e pandeiro.

Angola
Toques – São Bento Grande, São Bento Pequeno, Angola, Santa Maria, Cavalaria, Amazonas e Iúna.
Bateria – Três berimbaus: gunga ou berra-boi, médio e viola, um ou dois pandeiros, um atabaque, um agogô e um reco-reco.

TOQUES

São Bento Grande da Regional - Berimbau médio e dois pandeiros de cada lado, toque que transmite muita energia, exige dos capoeiras muita técnica e atenção.

São Bento Pequeno - Berimbau médio ou de centro, quando o gunga está em angola e a violinha está em São Bento Grande. Quando o gunga vai para São Bento Pequeno, o berimbau médio toca angola e a violinha faz a virada ou continua em São Bento Grande. Neste momento, as tomadas de centro, como a rasteira, por exemplo, são mais freqüentes e o jogo fica numa altura média, antecedendo o jogo em São Bento Grande.

Amazonas - Toque festivo, usado para saudar mestres visitantes de outros lugares e seus respectivos alunos. É usado em batizados e encontros.

Banguela – Jogo de dentro, corpo a corpo e colado. É o mais lento toque de capoeira regional, usado para acalmar os ânimos dos jogadores quando o combate aperta.

Cavalaria - Jogo duro, pesado e violento. Toque de alerta máximo ao capoeirista. É usado para avisar o perigo no jogo, a violência e a discórdia na roda. Na época da escravidão, era usada para avisar aos negros capoeiras da chegada do feitor. Na República, quando a capoeira foi proibida, os capoeiristas usavam a “cavalaria” para avisar da chegada da polícia montada, ou seja, da cavalaria.

Idalina - Jogo alto, solto, manhoso, rico em movimentos.

Iúna - Berimbau serve como forma de demarcar os níveis hierárquicos dos mestres e dos formandos (discípulos). É um jogo em que os camaradas deixam um pouco de lado a objetividade e valorizam a destreza com movimentos alongados e bonitos, mostrando a grande plasticidade da capoeira, é fundamental que o aluno saiba que não se canta neste momento, apenas observa-se o desenrolar dos jogos que geralmente são aplaudidos ao final, não é elegante acertar o adversário ou derrubá-lo durante uma acrobacia ou golpe, você pode sair do contexto chegando ao ridículo.

Santa Maria - Usado quando o jogador coloca a navalha no pé ou na mão. Um dos toques mais bonitos do berimbau, o tocador precisa desenvolver uma escala de notas e retornar ao começo da escala que dá ao ritmo uma característica muito diferente dos demais toques da capoeira, em especial da capoeira regional.

Samango - Toque onde a acústica da barriga é enfatizada. Era utilizado para mostrar que existia a aproximação de pessoas no local onde estava sendo executado e acompanhava a velocidade das passadas, aumentando com a aproximação.

CONSTRUÇÃO DO BERIMBAU

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O surgimento do primeiro arco musical vem da teoria que se derivou do arco e flexa dos caçadores primitivos. Num primeiro momento sem a cabaça usando a boca como caixa de ressonância. Com a evolução e aperfeiçoamento se tem com o berimbau de barriga, o berimbau usado na capoeira com cabaça como caixa de ressonância, o arame de aço como condutor sonoro e acompanhamento de dobrão de metal e caxixi.

Variações de berimbaus:
- Berimbau – de – boca;
- Berimbau ou Berimbao;
- Berimbau de Bacia.

O berimbau – de – barriga o principal usado na capoeira, é interpretado por vários nomes diferentes dependendo da localidade:
- Urucungo;
- Guimbarde;
- Lucungo;
- Viola de Arame.

Sua construção. O mais importante é a escolha do material, procedência e ter consciência ambiental. Adquirir matéria prima de pessoas com tradição no ramo, pois a extração das vergas, cabaça e cipó devem obedecer a fases de maturação e lua ideal para coleta. Alguns Mestres mais supersticiosos dizem que até é preciso pedir autorização espiritual. Pois para eles o instrumento tem muito valor místico e religioso.

Nos anos 70 houve uma pesquisa nos pontos de venda de berimbau, onde se constatou uma alta nos valores desses, por falta de matéria prima como a cabaça e vergas.

Existem várias pessoas que sobrevivem da construção de berimbaus no Brasil. O de maior expressão dentro da capoeira foi Mestre Waldemar da Paixão ou Mestre Waldemar da Liberdade, quem criou a pintura dos berimbaus e que até hoje inspiram muitos artistas.

Preparo da Madeira (Verga). Após a escolha da verga, usam-se poucas ferramentas, uma boa lâmina de corte, faca. Tira-se a casca, raspa toda a verga, prega-se o couro geralmente na parte mais fina e faz o pé onde encaixa o arame.

Lavar e Limpar a Cabaça. Lavar a cabaça em seu exterior e abri-la com uma faca ou serra, limpá-la por dentro, lixar depois de fazer dois orifícios na parte opostos à abertura onde vai passar o cordão de rami ao qual vai preso na verga com pressão do arame.

Baqueta. O melhor é usar o próprio pedaço de verga de biriba. É uma boa baqueta com sonoridade e durabilidade, outra opção é usar bambú, material fácil de trabalhar e adquirir.
Caxixi. Sua origem é um tanto quanto misteriosa. É um cesto de palha com fundo de cabaça e finalizado com alga e sementes dentro que formam o chocalho. Para construí-lo é preciso fazer um disco com cabaça e limpar. Fazer furos impares ao seu redor. Subir as hastes e entrelaçar um cipó a medida que vai subindo vai fechando-o em forma de cone. Na altura de se fechar faz se a alça, colocando as sementes antes do fechamento. O importante nesta parte é sempre trabalhar com material umidecido.

Afinação do Berimbau. Precisa-se de várias cabaças para testar em uma verga. A sonoridade não existe com um padrão em escala musical determinada, como é uma arte informal aprendida de geração para geração, cada qual tem seus diferentes gostos. Mas é preciso muito estudo para chegar no som ideal e como fazê-lo. O ideal é se inspirar em bons tocadores.

Conservação. Armar e desarmar o arco é um bom hábito para conservá-lo. Não molhá-lo ou colocar ao sol ou no calor intenso. Fazer uma pintura de verniz, seladora ou tinta também ajuda a conservá-lo.

Cuide bem do seu instrumento, pois na construção deste você dedicou seu sentimento.

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